terça-feira, 17 de abril de 2012

Patrimônio.

A obra trata dessa tradição indígena registrada, em 2002, como patrimônio imaterial do Brasil
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan lança na terça-feira, 19 de junho, às 19h, na Fortaleza de São José de Macapá, em Macapá (AP), o livro Wajãpi, que trata da arte gráfica e pintura corporal do povo indígena que dá nome ao livro. A obra trata da arte kusiwa, desenvolvida por esse grupo de índios amapaenses, que foi registrada como patrimônio cultural brasileiro em 2002 e, no ano seguinte, incluída na lista da Unesco de Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.
Além de identificar os padrões que compõem essa forma de grafismo, o livro conta a história e as tradições dos Wajãpi e define um plano de salvaguarda da sua cultura, língua e tradições. A população total dessa comunidade indígena foi estimada em 6 mil no começo do século XIX e hoje eles são apenas cerca de 670 pessoas, divididas em 48 aldeias ao norte do Amapá.
Expressão artística
A arte kusiwa é caracterizada pelo uso de urucum, suco de jenipapo verde e resinas perfumadas e apresenta um repertório codificado de padrões gráficos, composto por figuras geométricas e onças, sucuris, jibóias, peixes e borboletas. O repertório se modifica de forma dinâmica, pela própria variação dos motivos e pela apropriação de outras formas de ornamentação.
Os Wajãpi expressam a diversidade dos seres humanos, da flora e da fauna com quem compartilham o universo através das formas de seus desenhos e ornamentações. A sua arte sintetiza seu modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo. “Tal forma de expressão, complementar aos saberes transmitidos oralmente, afirma, ao mesmo tempo, o contexto de origem e a fonte de eficácia dos conhecimentos dos Wajãpi sobre o seu ambiente”, conta Dominique Gallois, responsável pela pesquisa realizada com o grupo.
Essa tradição gráfica se aplica à decoração de corpos e objetos, envolvendo técnicas e habilidades diversificadas, como o desenho, o entalhe, o trançado, a tecelagem, etc. Sua função principal, no entanto, vai muito além do uso decorativo, pois o manejo do repertório dos padrões gráficos é um prisma que reflete, de forma sintética e eficaz, a cosmologia deste grupo, suas crenças religiosas e práticas xamanísticas.