segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sincretismo Religioso nas Festas Juninas.

Os escravos queriam manter suas raízes religiosas, seus costumes, suas tradições, porém era negada sua cultura pelos seus senhores e também pela sociedade que era católica, então para esses escravos cultuarem sua religião eles escondiam seus orixás em baixo dos balcões, e os Santos da Igreja Católica em cima, por isso aconteceu a fusão dos Santos da Igreja Católica para poderem cultuar sua religião. É o caso de São Jorge que é Ogum, Nossa Senhora dos Navegantes que é Iemanjá e tantos outros Orixás e Santos da Igreja Católica.
Santo Antônio, 13 de Junho: Corresponde ao Bará Adgelú. Sua cor é o vermelho, seu dia é segunda-feira. É um Bará calmo, tem o poder de abrir os caminhos e também de fechar; é o Orixá das questões mais imediatas relacionadas ao dinheiro, trabalho, negócios financeiros. Lugar de oferendas é o cruzeiro.
São João, 24 de Junho: Corresponde ao Orixá Xangô Agodô, sua cor é o vermelho e branco, seu dia é terça-feira. Orixá do fogo é simbolizado pelo Machado e pela Balança. É protetor dos que sofrem injustiça. Lugar de oferendas é a pedreira.
São Pedro e São Paulo, 29 de Junho: Corresponde ao Bará Lodê e o Bará Lanã, sua cor é o vermelho, seu dia é segunda-feira. O Bará Lodê é um Orixá da rua, seu assentamento é fora de casa. Também é um Orixá relacionado ao dinheiro e abertura dos caminhos. Lugar de oferendas é o cruzeiro.
Geralmente os filhos de Bará fazem suas obrigações nestas datas, e filhos de Orixá Xangô também. Geralmente os que têm já os seus aprontes, suas obrigações sentas.
A comida de Orixá Bará é o milho de galinha, milho de pipoca, sete batatas assadas, o epeté no meio e sete moedas; é claro que uns Barás se diferenciam de outros, é o caso dos Barás que levam balas de mel em suas oferendas.
A comida do Orixá Xangô é o Amalá, feito com a mostarda, a farinha da mandioca, carne de peito, as bananas e uma maçã. É claro que o Orixá Xangô também tem suas diferenças uns dos outros, que também usamos balas e doces.
Em Uruguaiana existem Templos de Matriz africana da Cultura Câmbinda, jeje, Nagô, e Oyó. É por isso que existem as diferentes correntes aqui e devemos respeitar, pois cada Templo é diferente de outro.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Raízes das Festas Juninas.

Festa junina se confunde com festa de São João. Mas se São João não é o único santo de junho, também não existe só uma festa junina no Brasil. São várias as festas que fazem a alegria dos habitantes dos mais distantes rincões. Cada um à sua maneira, os "arraiás" têm em comum alguns elementos essenciais: a quadrilha, os balões, as banderinhas, a fogueira e - como não poderia faltar - muita comida boa e animação de sobra.
** QUADRILHA - Apreciada nos salões  da França entre os séculos XVIII E XIX, também era dançada na Inglaterra e na Alemanha. Chegou ao Brasil com a Corte portuguesa.  A quadrilha tradicional tem no mínimo 16 pares e é constituída de 30 passos, alguns afrancesados, como anarriê,  e outros bem brasileiros, como o caminho da roça.
** CASAMENTO NA ROÇA - A encenação junina já foi levada a sério no interior do Brasil. Em lugares remotos, onde não havia padres, os noivos, seus pais e padrinhos se reuniam perto da fogueira e realizavam a cerimônia. A união era socialmente aceita.
** ROUBO DA BANDEIRA - Consistia em "afanar" a bandeira dos santos colocada em frente às casas, no alto de um mastro. No dia seguinte, o dono da casa recebia uma carta em que os autores da traquinagem prometiam devolver a bandeira, recebida com festa na véspera de São Pedro.
** TOMAR A FOGUEIRA - Brincadeira comum em estados como Rio Grande do Norte e Pernambuco. Na noite de São João, um grupo de rapazes simula o disparo de armas de fogo para fingir que está "assaltando" a fogueira, e é afugentado pelos moradores.
** FOGUEIRA - Nos cultos pagãos, o fogo era usado para espantar os demônios do frio, da fome e celebrar a colheita, momento em que as pessoas dançavam ao seu redor. A fogueira também é associada ao nascimento de João.
** PAU DE SEBO - De origem portuguesa, é tradicional em cidades do Nordeste. No alto de um mastro lambuzado com sebo (ou graxa) são colocados prêmios. Ganha quem consegue alcançar o topo, depois de muito escorregar.
** BANDEIRINHAS - As bandeirolas em papel fino e colorido, indispensáveis nos arraiais juninos, têm origem nas bandeiras dos santos (São João, São Pedro, Santo Antônio), feitas com tecido bordado e colocadas no alto de um mastro.
** FOGOS - A tradição popular diz que o barulho dos fogos de artifício serve para acordar Sao João, como nos versos da cantiga folclórica "Capelinha de melão"> "São João está dormindo/não acorda, não/acordai, acordai, acordai, João".
** BALÃO - Diz a tradição popular que ele é portador dos desejos encaminhados a São João. Quando o balão sobe, o pedido será atendido. Também é usado para agradecer a intercessão do santo em uma graça alcançada.
** SIMPATIAS - São muito populares as adivinhações para arranjar casamento - ou mesmo para revelações sobre a morte. Existem dezenas de crendices sobre o matrimônio praticadas pelos devotos - principalmente as devotas - de Santo Antônio e também de São João.
** MASTRO - Vem do costume pagão de levantar a "árvore de maio", mês da fertilidade. É uma homenagem aos três santos de junho. Em alguns lugares do Brasil, é enfeitado com flores, frutos, e erguido com músicas e danças.
** MILHO - Colhido em junho, tornous-e a base da culinária junina, no preparo de iguarias como a canjica, a pamonha e o curau. Seu uso maciço nas festas juninas também simboliza a gratidão pela fartura da colheita. 

Isto é São João?

Todo ano, em Campina Grande (PB), acontece a festa considerada "maior São João do mundo", que atrai cerca de dois milhões de pessoas. Entretanto, pouca gente sabe a origem da Festa de São João.
A origem da festa vem de um rito pagão em homenagem à fertilidade da terra transformado em celebração católica. São João sempre esteve cercado por essa dupla natureza da fogueira - sagrada e profana, pecado e purificação.
Se você é adepto do candomblé, a explicação pode estar em Xangô. Para quem não sabe, este foi o orixá escolhido como equivalente a São João no processo de sincretismo que levou os cultos afro-brasileiros a adotar referências católicas em suas práticas, ainda no Brasil Colônia. São João, Xangô menino, a entidade do elemento fogo. "Em 23 de junho, os terreiros da Bahia fazem festa para ele. Seus filhos comandam um ritual chamado ajerê: em transe após receber o santo, botam na cabeça uma panela cheia de brasa ou óleo fervente, e com ela dançam atravessando a roda sem se queimar", explica Muniz Sodré, professor da UFRJ e presidente da Biblioteca Nacional. Outra prática comum é caminharem descalços sobre as cinzas incandescentes da fogueira. Para completar, os participantes servem-se de iguarias como bolos e canjica.
Igual mas diferente? Essa contradição não é problema para o São João brasileiro. A festa parece capaz de incorporar as mais variadas referências de nossa miscigenada cultura.
No Pantanal sul-matogrossense, a mistura de povos típica da fronteira deu origem a manifestações juninas bastante peculiares. Esqueça a quadrilha e o forró. Tente imaginar uma dança chamada cururu, de origem guarani. O que se aprende com a natureza pantaneira é o ritmo das cheias (dezembro a junho) e vazantes (junho a dezembro). Nada mais natural para o São João local do que a substituição do fogo pela água.
Autor de tese de doutorado sobre o assunto, João Carlos de Souza, professor da Universidade Federal da Grande Dourados, atribui os banhos de São João - até hoje praticados nacidade - a uma tradição dos povos árabes, via colonização portuguesa. E lembra que o simbolismo da água há tempos está presente nas lendas em torno do profeta João. Não só pelos batismos que realizava no Rio Jordão.
Nas margens do Rio Paraguai, religião e festa profana também convivem em harmonia. "O fogo e a água são símbolos usuais de purificação, de modo que é plausível afirmar que o significado da festa era a renovação e a regeneração, e também a fertilidade, pois existiam rituais para adivinhar se a próxima colheita seria boa ou se uma determinada moça se casaria no ano seguinte".
E nem só de intenções matrimoniais vivem as simpatias e adivinhações juninas. Alguns conhecem uma simpatia que é assim: sob a luz da fogueira, olhar para dentro de uma bacia com água e tentar ver seu reflexo. Quando o reflexo surgia, significava que a pessoa ia permanecer viva até o ano seguinte.
O tradicional casamento na roça, para muitos mera brincadeira, acredite, também já foi prá valer. "Na região entre Piauí e Goiás, o casamento na fogueira de São João constituía, pelo menos até 1912, um sacramento. A razão era simples: em localidades isoladas, sem a presença de sacerdotes, o jeito era realizar a cerimônia em torno da fogueira, nos dias do santo, com direito aos noivos, padrinhos, parentes e convidados. A união, considerada válida pelos fiéis, era abençoada quando um religioso passava pelo local.
Entre tradições e renovações, São João segue firme e forte. Há quem torça o nariz para os palcos de superprodução onde se revezam dezenas de grupos de neoforró e outras músicas modernas - atrações que arrebanham os famosos dois milhões de Campina Grande. "A tradição é sempre inventada, assim como os processos de construção identitária dos grupos sociais são um constante fazer e desfazer", diz Valdir Morigi, da UFRGS.